domingo, 7 de dezembro de 2008

Free as a bird

Sou passarinho,
só vivo da natureza
tenho penas, cores e sei voar

canto baixinho
existo na esperteza
e não tenho casa pra habitar.

mas se quiser me encontrar,
procure nas árvores
nas ruas e nos céus

eu moro na liberdade das minhas asas.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

A primeira vez que eu disse adeus

Na primeira vez que eu disse adeus, não chorei. Acho que as palavras não tinham feito sentido de verdade pra mim. Também não olhei pra trás, e se tivesse olhado, não teria visto nada mais do que uma pessoa com os olhos marejados. Isso, pra mim, não teria sido novidade. Emoções... nunca, nunca eram novidade.

Me pergunto qual seria o sentido do meu adeus. Disse como um "até nunca mais"? Disse como um "tchau", um "até logo"? Acho que sim. Hoje não faz mais diferença, pelo menos não enquanto me sento aqui e escrevo uma ou outra palavra, talvez de conforto, talvez de memória, talvez de distância.

Se eu pudesse voltar no tempo, não teria dito adeus.
Teria saído correndo!

Direto e abstrato

— Você fala cheio de rodeios, nunca é direto. Parece que tem medo que te conheçam de verdade...
— Eu sei.
— Mas não faz sentido. É quase como usar uma máscara, mas pra quê? Você é sempre tão... sabe, tão enigmático.
— Sim.
— Eu te vejo como se você quisesse que te desvendassem. Mas parece que, se alguém chega perto disso, de te descobrir de verdade, você não gosta.
— É...
— E você é sempre direto nas suas perguntas, mas quando vai responder alguma coisa, você nunca é exato. Você é sempre tão abstrato.
— Sim.
— Mas agora você não está sendo. Por quê?
— Por que você diz isso?
— Porque você tem respondido só "sim"...
— E você acha que não tem nada de enigmático e abstrato num único sim?
— Bem... não. É uma resposta direta, exata.
— Nunca é. Cabe um mundo inteiro dentro de cada mínima palavra, e o "sim" e o "não" têm mais significados do que você pensa. E, dependendo da pessoa, há muito menos num "sim" e muito mais num "não".
— ...você sabe que eu te acho muito estranho, né?
— Sim.