quarta-feira, 14 de abril de 2010

Porcaria

Autonojo.
Incapacidade de continuar existindo num ser tão imundo,
mas mesmo que fosse capaz de mudar de corpo,
mudaria então a essência?
Não.
Autonojo.

Vergonha.
De machucar, de envergonhar, de estragar.
Ah, humilhação!
Como explicar o que não tem como se explicar?
Não tem como.
Vergonha.

Talvez dentro de todos os defeitos,
cada um que diz conhecer tão bem,
existe uma verdade muito maior e mais terrível.
Destruidora, maldosa, sem coração...

É feito porco.
Espirra, entrega a doença,
e continua chafurdando-se em poça de lama,
lama suja, lama preta,
lama da culpa.

Não obstante, esse texto
também é carregado de nojo.
Escrito de qualquer forma, assim
sem intenção de agradar
não existe como agradar
tamanha a vergonha.

Desculpa não funciona.
Perdão não funciona.
Pedir não funciona.

O que vai funcionar?

Será que ainda funciona?




Eis que chega a Lavagem,
e continua-se alimentando o porco
nojo não existe,
mas ainda assim
se existe sentimento no porco,



ah, vergonha, ah, autonojo.