quarta-feira, 12 de março de 2008

Passarinho

Minha mãe acabou de me contar um caso que me fez chorar.

Aos que não sabem, meu pai morreu em 1999 (eu tinha 9 anos de idade). Não digo isso porque era meu pai, pois só fui conhecê-lo de verdade depois que ele morreu, mas ele era um homem muito bom, muito digno, e desde criança sempre foi apaixonado com passarinhos. Papai tinha uma vida de cigano, morou em não-sei-quantos lugares (e, por isso, eu vivi muito pouco com ele, pois ele sempre estava morando fora), e sempre gostou de coisas que mamãe não gostava tanto. Exemplos importantes: música sertaneja das antigas (nada de Chitãozinho e Xororó, coisa antiga MESMO) e tomar um golinho de cachaça antes do almoço. Pois foi papai morrer, mamãe começou a ter as mesmas manias (e gostar de futebol, mas isso não é importante aqui agora =p).

Ontem, enquanto eu estava na escola, mamãe tava aqui em casa fazendo o almoço e ouvindo uma rádio daqui de BH que só toca música sertaneja. De 11 ao meio-dia, essa rádio toca só aquelas músicas sertanejas realmente antigas, as que papai gostava, e ontem mamãe ficou ouvindo. Até aí, tudo bem.

Eis que, quando uma música acabou e outra começou, um passarinho pousou na antena do prédio do lado aqui de casa (um prédio baixinho, dá pra ver a antena da janela da cozinha). O passarinho ficou olhando pra dentro da cozinha, observando mesmo, mexendo a cabecinha e tudo. E assoviou umas 3 vezes durante a música. Mamãe foi pra perto da janela e os dois ficaram se olhando enquanto a música tocava. E o passarinho só olhando pra cá. E aí, quando a música terminou, o passarinho foi embora.

Não acho que papai era o passarinho, não acho que a alma dele estava lá dentro, não acho nada disso. Mas, que nem mamãe disse, quando Deus quer se comunicar com a gente, ele coloca anjos na nossa vida: não anjos com asinhas brincando em nuvens, mas pessoas, animais, até mesmo objetos (tipo quando a gente acha O Livro que muda a nossa vida, nosso estado de espírito).

O que eu sei é que tem detalhes maravilhosos lá fora que querem ser vistos, só depende de nós. Então, é. Não de verdade, mas papai era o passarinho.

5 comentários:

Thiago dos Reis disse...

e se fosse?

Gabriella disse...

E se fosse, eu torço para que ele (e todos os outros passarinhos do mundo) voem muito, bastante e pra bem longe!

Tem tanta coisa linda pra se ver por aí, que desperdiçar duas asas não é algo correto. ;)

Lídia disse...

Oi, Gabriella!

Com certeza, onde ele estiver, está mandando boas energias... Mesmo através do blog,pelo modo como vc se expressa, dá pra perceber q vc é uma pessoa especial, ILUMINADA e rodeada de pessoas queridas.

Vim te visitar de novo e, meio inconveniente como toda visita fora de hora, passei pra vc uma corrente no meu blog. Espero q participe... Achei legal. ;)

Beijos e ótimo final de semana!

Marcos Leivas disse...

Iai Gabriella!
Te achei no blog da Lídia (aqui em cima) que também me passou essa corrente. Olha, simplesmente teu texto matou a pau! Eu também perdi meu pai com 9 anos (só que em 1996) e desde então, a minha mãe também começou a gostar de futebol e fazer coisas que o pai adorava fazer... Deve ser coisa da saudade! Quanto ao passarinho, olha, eu acho que o passarinho era tudo e nada ao mesmo tempo; tudo pelas pessoas, sentimentos e recordações; nada por ser tudo que a gente nunca vai conseguir entender... Deu p/ entender? Eitaaa! hehehe É melhor a gente viver e viver pra valer!... :-)

Beijo!

L.S. Alves disse...

Estranho como às vezes coisas simples e até mesmo banais nos levam a pensar nossa vida e nossa relação com aqueles que nos rodeiam.
Adorei a cena que você descreveu.
Um abraço.