quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Sinestesia forçada a partir dos 9

Juro que, enquanto vejo fotos, sinto seu cheiro. Não pelo nariz, não sinto nada mais do que o ar entrando pelas narinas, mas no fundo de um canto escondido do cérebro, eu sinto seu cheiro. Talvez o cheiro da loção pra barba, a "espuminha". Juro que, enquanto isso acontece, consigo ouvir a sua voz em algum lugar da massa cinzenta, em algum lugar eu escuto você me chamando, embora não consiga lembrar exatamente como me chamava. Tento pensar na sua altura e imagino se já teria te alcançado, penso nisso baseada na altura de minha mãe. Acho que até consigo me lembrar das suas mãos, um pouco ásperas por causa de tanto trabalho, vai saber. Não consigo rever seus movimentos, mas acho que consigo imaginar como você andava, como movia os braços, como se mexia. Não consigo ver seus olhos, sempre fixos, sempre parados, culpa das fotos que não se mexem. Mas a nostalgia e a imaginação logo são substituídas pela raiva de não lembrar, porque não lembro, e não lembro. Mas isso abre portas pr'eu imaginar, então fico com o que me resta.

4 comentários:

borges disse...

o que te resta, pequenina, é apenas um mundo INTEIRO. E algúem olhando por você enquanto anda serelepe por ele.
:))

periclitante disse...

Muito bonitinho isso. E de quem quer que seja esse cheiro que fica, essa saudade meio sem memória que na falta de conteúdo atrás projeta um mundo imaginário pra frente, parece que preenche bem a falta que a presença faz.

Gabriella disse...

Borges,

Verdadinha. x) É bom pensar nisso...

Gabriella disse...

Periclitante,

É do meu pai que eu estou falando ^^ Muito gracinha o seu comentário, que bom que gostou. Quando quiser, aparece mais vezes por aqui :)