sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Pergunta

Depois de uma tarde chuvosa e fria debaixo das cobertas (onde nossas pernas brincavam umas com as outras), depois de tantos risos e de alegria tão surpreendente (ah, quanto tempo esperamos por isso!), depois do nosso clássico joguinho de perguntas, ele mandou:

- E você? Se pudesse escolher um momento nosso pra ser pra sempre, qual seria?

Sorri. Ele sempre gostava de perguntar essas coisas que pedem uma resposta com generalização na cara dura, como "todos os nossos momentos", ou ainda "cada segundo do seu lado". Meio apelativo, eu sempre disse, mas até que era bonitinho. Continuou:

- Sei que todos são bons porque são comigo, mas dessa vez só pode um.

Bobo. Sempre lendo meus pensamentos (até quando eu acho que estou lendo os dele!). Olhei naqueles olhos castanhos, fiz um carinho leve na sua bochecha esquerda, passei a mão nos lençóis. Mordi o lábio inferior e fiquei pensando... qual momento?

Talvez quando nos conhecemos... eu podia jurar que ele tinha me detestado. Ou quando nos encontramos de novo, ambos ansiosos, segurando sorrisos misteriosos (pra quê? A gente sempre soube). Talvez aquele passeio na chuva depois da minha aula? Nossa primeira briga, que valia até como momento bom, só por causa do final. A vez em que deitamos na grama e nomeamos as constelações. Aquela tarde de maio em que ele segurou a minha mão e me chamou de "minha menina linda", mas de um jeito único, diferente. Todas as horas na nossa cama (voadora). Nosso concurso de nomes mais fofamente bregas. Nossas mordidas de leve na orelha. O cheiro de eucalipto do sítio que se misturava com o cheiro do cabelo dele naquelas férias...

Olhei de novo, vi que ele aguardava a resposta com outro sorriso misterioso brincando na boca. Pedi:

- Fecha os olhos.

Me aproximei, colei meus lábios nos dele e comecei a rir. Ele abriu os olhos, curioso (como sempre), e eu disse:

- Qualquer um, porque não faz diferença. Todos os momentos com você são pra sempre, e o sempre é só um momento.

- E depois, o que vem?

- Você de novo.

Ele sorriu, sussurrou um "eu te amo" e me puxou pros seus braços. E eu disse, bem baixinho, que nem meus lençóis puderam ouvir: "eu também. De verdade".

3 comentários:

Alvren disse...

Aposto que se mordesse os lábios superiores, seria muito mais interessante na hora. Daria uma impressão de selvageria, de "caliência", e não de dúvida, sabe?
E todo mundo sabe que os momentos selvagens a dois são os mais memoráveis.
(falou o selvagem com muitos momentos calientes a dois memoráveis para descrever)

C.A.Martins disse...

boa.....
gostei do cama (voadora).rsrs..

Thiago dos Reis disse...

Gostei de tudo. Das juras de amor.. Dos momentos únicos.. o momento mais belo com uma pessoa é o instante em que a conhecemos. O primeiro olhar, a primeira palavra dita, são memoráveis.

'O amor não se conjuga no passado. Ou se ama para sempre ou nunca se amou verdadeiramente.'

:]